FC Porto: X. Malián (G, 50), C. Benedetto (36), G. Alves (31), Rafa C. (26), D. Barata (25), H. Nunes (24), E. Mena (23), E. Lamas (23), R. Pujadas (12)
Juventude Pacense: P. Freitas (G, 50), Miccoli (31), Zé Miguel (31), Zé Pedro (31), J. Cancela (29), J. Pedro (29), D. Abreu (21), B. Marques (17), F. Flórido (9)
Ganhei alguma curiosidade na rotação das equipas. Começando pelo FC Porto, Roc joga apenas 12 minutos (e dias depois aparece a informação de que irá para o Sporting na próxima época); Benedetto joga a primeira parte praticamente toda, muito provavelmente no sentido de ganhar ritmo de jogo após o período de lesão; Os restantes elementos com tempos muito semelhantes mas, ao contrário do que tenho visto em primeira divisão, com períodos de rotação mais largos, ou seja, períodos de jogo mais longos (dez minutos seguidos para mais) para cada atleta. Poderá ter a ver com preparação física pós festividades ou poderá ser uma maneira de ver a rotação durante o jogo, que tira intensidade ao jogo mas que permite ao atleta desligar-se do mesmo quando sai, algo que dificilmente acontece nas rotações a cinco/sete minutos. Com alguns jogadores em específico pode acontecer, mas não tem sido frequente nos jogos que tenho visto esta rotação tão larga.
A Juventude, por exemplo, fez precisamente o contrário, compreensivelmente. Rotações muito curtas e, bem, com ênfase na experiência nos períodos iniciais e finais de cada parte (principalmente na primeira parte e início da segunda, alturas em que o resultado ainda estava em discussão).
Estatística sem contabilizar períodos de power-play:
Superioridades Numéricas (primeira/segunda parte):
FC Porto: 4 (2 4x3; 2 1xR, 1 golo) / 4 (4 3x2)
Juventude Pacense: 5 (2 4x3; 2 2x1; 1 3x2) / 3 (2 3x2; 1 2x1)
Remates à baliza fora de área (primeira/segunda parte):
FC Porto: 8 (1 golo) / 8
Juventude Pacense: 6 (1 golo) / 3
Remates à baliza dentro de área (primeira/segunda parte):
FC Porto: 7 (2 golos) / 9 (3 golos)
Juventude Pacense: 2 (1 golo de bola parada) / 4 (1 bola parada/1 golo)
Passes intercetados/roubos no stick (primeira/segunda parte)
FC Porto: 14 / 7
Juventude Pacense: 2 / 5
Estas duas últimas estatísticas dão-nos uma ideia interessante de que, tendo em conta o resultado ao intervalo (4-3 para o FC Porto), pensaria que até teria sido um jogo equilibrado. Na verdade, no resultado e na posse de bola até foi, contudo, nos duelos e nas ocasiões, não o foi. O FC Porto teve sempre larga superioridade em dois pontos que, a meu ver, revelam sempre a superioridade de uma equipa em relação à outra: roubos de bola/interceções de passe e remates dentro de área. São estatísticas que não dão golos e, como tal, nem sempre o resultado as reflete, mas raramente se enganam em dar a conhecer a equipa que esteve melhor em pista.
FC Porto
Igual a si próprio. Muita qualidade individual, ritmo muito alto e bons movimentos com bloqueio e respetiva saída do mesmo. Este ritmo alto implica muitas transições defensivas em inferioridade numérica que originam perigo na sua baliza, no entanto, a equipa sabe que é no ritmo que vai levar de vencida o adversário que, mesmo que tenha forças nos primeiros momentos, dificilmente aguenta esta toada em cinquenta minutos.
Juventude Pacense
Uma equipa que sabe estar em pista. Sabe contra-atacar a dois, três ou quatro jogadores; sabe atacar organizado em curtos ou largos períodos e tem muita qualidade individual. Sabe ditar tempos de jogo (varia jogo mais pausado com jogo em 'piscina', dependendo da importância que dá a cada momento), por exemplo, últimos minutos antes do intervalo, com resultado claramente em discussão, pausou. Início de jogo, no sentido de criar surpresa, fez ataques mais curtos e muitas transições.
Para os objetivos em causa faltará talvez maior definição nos contra-ataques, quando se deve ou não dar continuidade ao contra-ataque, no sentido de não efetuar um mau contra-ataque que possa dar a mesma situação na baliza contrária, como vamos ver em baixo.
Bloqueios
Bloqueio direto onde, de novo, é feito nas costas do defesa que fica impossibilitado de antecipar a situação, a menos que haja comunicação. Nesta situação em específico, é aconselhável não estar posicionado 100% de frente para o portador da bola. Deveremos colocar os patins virados para uma das tabelas ou virados para a nossa baliza, precisamente para antecipar bloqueios. É que, com este posicionamento, mesmo que haja comunicação do colega de equipa que defende o bloqueador, fica sempre difícil fazer a troca de marcação aquando do bloqueio.
Defesa organizada
O FC Porto procura, defensivamente, em evitar ao máximo que o adversário explore as laterais, fechando-as. Convida o adversário a jogar longe da sua baliza, tornando-se menos perigoso.
Outro exemplo de 'fecho' das tabelas, forçando o ataque a jogar no meio-rinque e pela zona central, sempre mais povoada e passível de recuperação de bola pelas ajudas defensivas, o que acabou por acontecer neste lance.
Transição defensiva
Ter duas opções de finalização é positivo ofensivamente, mas tem um problema: complica a transição defensiva equilibrada. Isto porque nem sempre o jogador que assiste está bem posicionado para recuperar defensivamente, e o mesmo em relação aos possíveis finalizadores. Assim, três elementos completamente compenetrados no ataque acabam, muitas vezes, por deixar o último atleta como único responsável pela ação defensiva, tornando-se curto a este nível. O ideal será haver uma leitura de um dos três que permita 'acertar' no momento da finalização e fazer a recuperação antes que a bola chegue à baliza, o que nem sempre é fácil.
Bloqueio indireto de Rafa com excelente tempo de espera para o arranque. Este segundo extra em que Rafa aguenta o bloqueio e não arranca, permite ao portador da bola ter duas linhas de passe para finalização, estando o Mena (homem sem bola que aproveita o bloqueio) numa zona mais adiantada, e Rafa mais atrasado, entrando na mesma para mais uma opção de passe ou, caso a bola vá para Mena como foi, ficar bem posicionado para uma possível recarga.
Definição nas transições ofensivas
É tão importante saber fazer contra-ataques no hóquei para poder marcar golos, como saber quando não fazer para poder não sofre-los. Uma má definição das condições mínimas para a finalização de uma transição ofensiva pode dar, como deu, golo na nossa baliza.
Comentários