MURCHES V BRAGA



Murches:
R. Vieira (G, 50), G. Nunes (42), J. Maló (41), T. Moreira (39), Rafa L. (30), Zé Costa (20), Paulinho (18), Keké (8)

Braga: F. Magalhães (G, 50), V. Hugo (38), J. Silva (35), D. Seixas (34), P. Mendes (34), G. Meira (28), A. Trabulo (27), M. Henriques (2)

Superioridades numéricas (contabilizado só em 5x5)
Murches: 10 (3 3x2; 3 4x3; 3 2x1; 1 1xR)
Braga: 7 (3 4x3; 2 3x2; 2 2x1)

Perdas de bola no stick:
Murches: 6 (G. Nunes e T. Moreira 2)
Braga: 10 (A. Trabulo 3, P. Mendes 2 e J. Silva 2)

Bolas ganhas no stick:
Murches: 10 (G. Nunes e T. Moreira 4)
Braga: 6 (A. Trabulo 4)

MURCHES
Defesa

Muito recuada. Não é normal ver uma defesa tão recuada na primeira divisão. Tem os seus pontos negativos (muito espaço de decisão ao portador da bola para assistência, meia-distância ou 1x1) mas também positivos (menos espaço nas zonas de finalização, mais entreajuda, menos probabilidade de inferioridades numéricas na defesa, mais estática e, como tal, fisicamente menos exigente). Zona do meio-rinque e tabelas com total liberdade para o ataque contrário (quiçá também pelas medidas largas do rinque)

Nos vídeos, alguns exemplos do posicionamento defensivo recuado do Murches, tendo como referência a linha azul que divide o meio-rinque defensivo.





Por outro lado, o Murches teve sempre a preocupação de impedir ao máximo que o Braga jogasse atrás da sua baliza, 1) acompanhando sempre o portador da bola quando este ia para lá, 2) impedindo que o portador da bola fosse para lá, 3) impedindo que o portador da bola passasse para lá.






Uma das poucas situações defensivas em que o Murches teve mais dificuldade foram as trocas de marcação. Os jogadores focaram-se demasiado no portador da bola e, ou por dificuldade de antecipação dos lances, ou por falta de comunicação ou, quiçá, por opção própria em arriscar uma superioridade numérica no portador da bola (acho difícil que seja esta hipótese mas é sempre possível), foram várias as situações em que o Braga, também por mérito próprio, conseguiu superioridades numéricas em 4x4, por via de: 1) timing de saída do bloqueador 2) timing do passe para este 3) zona em que o bloqueio é feito, seja na lateral interior do defesa seja nas costas deste, fazendo com que, havendo troca, o defesa fique sempre mal posicionado perante o seu novo opositor direto.

Defensivamente, a salvação nestas situações passa pela ajuda ou compensação dos defesas (pelo menos um) que não estão nem com o bloqueador nem com o portador da bola, o que aconteceu em praticamente todas as situações defensivas do Murches.


Mesmo sem bloqueio, os dois defesas focam-se na bola.

Boa saída do bloqueio, ficando em boa posição para receber.

Bloqueio nas costas do defesa. Torna difícil a troca e torna difícil ao defesa antever o bloqueio uma vez que está de costas para o bloqueador. Em baixo, um lance protagonizado pelo Braga que, se fosse feito com mais velocidade pelo bloqueador, poderia ter dado resultado. Passe para meio-rinque seguido de bloqueio nas costas do defesa do portador da bola que, com tanto reposicionamento, vê-se em situação de difícil antevisão do bloqueio.







Saída do bloqueio.


Dificuldade na troca (Braga a defender)

Saída do bloqueio. Neste lance vê-se que o objetivo do bloqueador nem é propriamente bloquear. É precisamente forçar a troca de marcação para que, após esta, fique melhor posicionado perante o defesa. Com uma defesa sem trocas, este movimento poderá não ter tanto sucesso (dependerá muito mais do timing de saída) porque, se o timing da saída for anterior ao arranque do portador da bola, os defesas que não trocam acabam por não ter dificuldades.





MURCHES
Ataque

Um ataque que tenta partir ao máximo da tabela de fundo próxima da baliza contrária. A partir daí, jogo atrás da baliza ou, se não for possível, bola para meio-rinque de novo. Fazer meio-rinque / tabela de fundo / meio-rinque é totalmente diferente de fazer meio-rinque apenas. Isto porque obriga a defesa a ir oscilando e a reposicionar-se constantemente. Além disso, o ataque começado a partir da tabela de fundo para o meio-rinque e não o contrário, também obriga os atletas que defendem os médios a ter de tomar decisões sobre o foco. Focar-me-ei na bola ou no meu opositor direto? A probabilidade de terem de ficar de costas para um dos dois é grande. É possível fazer o chamado V e ficar de frente para os dois, mas nem sempre...


Forçar o início do ataque a partir da tabela de fundo.


Defesa vai oscilando e vê-se obrigada a reposicionar-se, dando espaço ao ataque e principalmente ao 1x1 a partir dos médios (como também se vê nos vídeos em baixo, o segundo um ataque do Braga).







Como o Murches consegue colocar a bola atrás da baliza adversária com total segurança. Iniciar o ataque a partir de trás da baliza também facilita as transições defensivas do Murches. Isto porque o atacante está a atacar com os patins já virados para o meio-rinque defensivo, como veremos no vídeo em baixo.



O defesa bracarense que defende quem iria receber o passe vê-se obrigado a ficar de costas para a bola para acompanhar o seu jogador. Por vezes os jogadores decidem ficar de frente para a bola mas não conseguem controlar a passagem do adversário direto nas costas. É difícil defender e o mérito é do ataque. No vídeo em baixo a mesma situação mas protagonizada pelo ataque do Braga.




Em baixo, um lance interessante na saída da pressão do Murches. Aparecimento de Paulinho a meio-rinque, surgindo um passe curto de Maló, seguido de devolução. Isto faz com que, com a bola posta a meio-rinque, obrigue o defesa de Maló a descer, fazendo com este fique com mais espaço quando voltar a receber a bola.


Por fim, uma das grandes valências do Murches: a capacidade individual de 1x1 e transporte de bola. A grande mais-valia ofensiva da equipa de Cascais, a meu ver. Dois lances com finta para o lado contrário do stick do defesa, ficando difícil defender. O ataque conseguiu 1) oscilar a defesa e 2) libertar espaço para o 1x1, quer nas costas do defesa quer entre o defesa e o portador da bola, fazendo com que este tenha espaço para arrancar e aproximar-se do opositor direto em velocidade, ao contrário do último que está parado.



BRAGA
Ataque

Talvez pelo facto de defrontar uma defesa descida, o Braga acabou por ser mais prático e menos dinâmico no ataque. Força: 1) tal como o Murches, o jogo atrás da baliza adversária; 2) o bloqueio com saída e receção de bola; 3) jogo interior. Acaba por ter pouca paciência após o 2-1 do Murches, precipitando e prejudicando a organização ofensiva.


Lance que aproveita a falta de comunicação ou de antecipação dos movimentos, assim como o foco em demasia no portador da bola por parte do Murches, defensivamente.


Não sabemos se foi propositado ou não, mas um bom bloqueio do interior do Braga, Jorge Silva, aproveitando a perda de noção do opositor direto por parte de Paulinho e criando duas situações benéficas para o ataque da sua equipa: 1) abriu espaço para entrada do médio em zona de finalização; 2) bloqueou Paulinho e impediu-o de recuperar a posição.


BRAGA
Defesa

Defensivamente, deixou jogar nas tabelas e atrás da baliza. Nestas zonas, na minha opinião, poderia ter sido mais ativo. Mas a verdade é que foi precisamente quando começou a subir mais que sofreu o 2-1. Sendo um rinque largo, torna difícil a entreajuda tão preciosa quando se joga contra uma equipa com jogadores de boa qualidade técnica individual.

OUTRAS NOTAS
Uma das diferenças entre as equipas esteve na recuperação defensiva. O Braga mais demorado, dando mais tempo e oportunidades ao Murches para faturar em contra-ataque. Já o Murches, levou muito a sério a recuperação defensiva.

Maló e Paulinho ficam na zona de finalização e, após remate e queda de Gonçalo Nunes, deixam a equipa numa situação de 2x1 defensivo. Ainda assim, repare-se na recuperação defensiva de Paulinho.

Um vídeo que demonstra a diferença entre as equipas na recuperação defensiva. Primeiro contra-ataque com recuperação incrível de Rafa que transforma o 3x2 no 3x3. A seguir, Murches parte para 3x2 e o terceiro elemento do Braga, Gonçalo Meira, recupera a passo, dando mais oportunidades ao adversário de marcar em superioridade numérica.


É certo que Jorge Silva ficou sempre a controlar o seu jogador (o mais recuado do Murches), mas também é certo que teve tempo mais do que suficiente para ter recuperado defensivamente, uma vez que após o mau passe, Vítor Hugo iria ficar em posição desvantajosa para o duelo na tabela, o que acabou por acontecer. Ficou em desvantagem e um suposto 3x3 foi na verdade um 3x2. Se Jorge Silva tivesse recuperado a tempo, não teria havido inferioridade numérica defensiva e respetiva finalização perigosa por parte do Murches.


Contra-ataques


3x2 defensivo. Defesas do Murches aguentaram ao máximo, esperando pela bola uma vez que estavam em inferioridade numérica. Ao primeiro passe, o segundo elemento do Murches salta ao novo portador da bola que fica com o raio de ação reduzido, deixando o terceiro elemento para o guarda-redes R. Vieira


Boa interpretação de Paulinho, o elemento mais recuado do contra-ataque que patina ao máximo para uma zona de finalização, em vez de ficar parado atrás da linha da bola à espera do passe.


Igual. Percebe que atrás da linha da bola vai dar poucas alternativas ao ataque, então acelera até à zona de finalização 


Trabulo é o elemento mais adiantado do Braga e não patina. Acaba por ser 'engolido' pela recuperação defensiva do Murches e o contra-ataque que, rapidamente deixou de dar superioridade numérica, não deu em nada.


Na última análise da semana referi aqui que, quantos menos passes para um contra-ataque, mais rápido ele seria. Continuo a afirmar o mesmo, mas também devo valorizar este modo esta situação do passe duplo, pois força o defesa a focar-se num elemento que apenas devolveu a bola que recebeu. Como é rápido, o defesa começa a ter dificuldade seja em acompanhar os passes seja em acompanhar o jogador, ficando 'eliminado' da jogada, estando a partir daí em dificuldade seja com o portador da bola seja com o jogador que iniciou a jogada e ficará à espera do passe à boca da baliza.


Lance idêntico.


Aqui o passe nesta altura faz sentido uma vez que a distância entre os avançados e os restantes defesas ainda é grande, ou seja, há tempo, e obriga ao reposicionamento do defesa e à desmarcação para o segundo poste após o primeiro passe.

4x3 Under-play
Murches tem sempre defesa para o jogador da bola. No último caso de a bola andar mais rápido que o reposicionamento da defesa, Rodrigo Vieira fica com o quarto elemento. Atualmente acho que já é difícil defender um under-play de forma estática, sendo esta uma boa opção defensiva.


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