PORTO V SPORTING


Porto:
X. Malián (50, G), Rafa C. (36), E. Lamas (33), G. Alves (38), H. Nunes (30), E. Mena (27), Telmo P. (31), R. Pujadas (6)

Sporting: A. Girão (50, G), G. Romero (33), M. Platero (29), J. Souto (27), F. Bridge (27), R. Bessa (25), A. Verona (23), T. Perez (20), H. Magalhães (16)

Remates e tentativas de remate dentro de área:
Porto: 24 (18 com entrada na área em patinagem)
Sporting: 14 (8 com entrada na área em patinagem)

Último Benfica (14) - Porto (12)

Remates e tentativas de remate fora da área (Primeira/segunda parte):
Porto: 13+6 (19)
Sporting: 12+21 (33)

Último Benfica (21) - Porto (35)

Superioridades numéricas:
Porto: 5 (3 3x2, 1 golo; 1 2x1; 1 1xG)
Sporting: 3 (2 3x2, 1 golo; 1 4x3)

Perdas de bola no stick:
Porto: 16 (H. Nunes 4, E. Mena 3)
Sporting: 14 (G. Romero 5, A. Verona 4)

Bolas ganhas no stick:
Porto: 14 (G. Alves 7, H. Nunes 3)
Sporting: 16 (R. Bessa, G. Romero, F. Bridge, J. Souto, T. Pérez 3)


Comparações Benfica, Sporting e Porto após confrontos entre os três
Há muitos anos que não me lembro de um pódio tão bem definido como o que, na minha opinião, temos atualmente. Os três revelam-se pouco extraordinários no plano coletivo e, consequentemente, muito semelhantes nas suas mais valias, mais individuais do que coletivas. Neste capítulo, o Benfica tem-se revelado superior, em 1x1 ofensivo e defensivo, seguido do Porto. O Sporting é, dos três, o que está com mais dificuldades e com distância para os outros dois emblemas.

Se do ponto de vista dos resultados deu três pontos para cada um, em hóquei jogado a diferença foi muito grande a favor de Benfica e Porto, em comparação com o Sporting. Falta agressividade defensiva e capacidade individual e coletiva (Porto e Benfica também não são vistosos coletivamente mas como as alternativas individuais vão dando conta do recado, não se nota tanto a falta do coletivo ofensivamente) num ataque que mais parece de uma equipa de futebol de praia, com um exagero de meia-distância que só se justifica pela falta de soluções coletivas e individuais.

É verdade que o Porto e o Benfica, na minha opinião, também exageram neste capítulo porque, igualmente, têm poucas ações ofensivas coletivas, poucos movimentos a três jogadores por exemplo (ver em baixo em maior detalhe), tornando mais fácil de defender e, assim, como solução de recurso, o ataque acaba por terminar em meia-distância mais vezes do que aquilo que na minha ótica seria normal (para mim, a meia-distância serve para atacar defesas baixas, o que não foi o caso nos três jogos entre estas equipas). Aliás, tenho para mim que o melhor momento ofensivo do Sporting foi nos últimos minutos, em que começou a jogar mais atrás da baliza do adversário, criando desequilíbrio à defesa contrária.

Outro aspeto que me chamou a atenção e que numa próxima irei fazer estatística: a quantidade de passes errados ou que não foram para o stick do colega por parte do Sporting. O Porto também os teve mas até é compreensível porque esteve sob pressão toda a segunda parte e, tendo mais objetivo de posse de bola, é normal que o ataque não termine em remate e termine em perda de bola no stick ou em passe falhado/intercetado. O Sporting, em desvantagem no marcador, não foi tão pressionado, pelo que não se entende como pôde haver tanto passe errado.

Pegando na estatística colocada em cima, também vemos o seguinte: mais meia-distância para quem está a perder os encontros e maior permissividade defensiva do Sporting que permite que o Porto entre com bola no stick dentro da área por 24 vezes, contra 14 do Porto (em cada jogo) e 12 do Benfica.


OUTRAS NOTAS
Leitura de jogo
A tomada de decisão é (quase) tudo. Leitura da situação e tomada de decisão de acordo com essa leitura. Em baixo, alguns lances em que a leitura ou a falta dela fizeram a diferença entre um bom e um mau lance.

A bola não é passada na hora certa e acaba por ser perdida.

1x1 feito na hora errada, quando toda a defesa adversária já estava focada na bola.


Desentendimento, Magalhães com o stick no ar porque vai bloquear e/ou deixar espaço para Bessa progredir. Bessa não entende e passa a bola a um elemento que tem o stick no ar e, como tal, dificilmente vai conseguir receber a bola. 


1x1 feito na hora errada, quando toda a defesa adversária já estava focada na bola.


Perceção de Hélder Nunes do posicionamento defensivo do adversário. Percebe que vão cair dois na bola e, na hora certa, faz o passe.

Transporte de bola é bem feito para atrair adversário e dar espaço a quem vai recebê-la para poder ganhar velocidade, ajudando no sucesso do 1x1. Passe é feito na hora certa.


Saída de pressão
A saída de pressão do Porto já foi aqui falada frente ao Benfica e, aliás, noutras ocasiões em análise a outras equipas. A do Sporting é rara e penso que cada vez o será mais, em 2+2. Não só pelo insucesso que tem do ponto de vista ofensivo, em que a equipa tem sempre muitas dificuldades em ficar com a bola, como do ponto de vista defensivo, pois no caso da perda da bola há dois elementos que estão mais adiantados e torna mais difícil não sofrer um 3x2.

Até podia ser uma saída de pressão com sucesso se o portador da bola transportasse a bola por uma das tabelas, com a descida de um dos dois elementos mais adiantados, mas tal não se viu. O portador da bola optou sempre pelo passe (longo e, como tal, mais propício a ser intercetado) para o meio-rinque ofensivo.


Saída de pressão do Sporting. 2+2, passe longo, tudo para dar errado (o que não foi o caso neste lance) seja na manutenção da posse da bola seja na reação à possível perda da bola.

Saída de pressão do Porto. 3+1, mais segurança em caso de perda de bola e mais espaço na frente para o aparecimento sem bola, como se vê neste lance.


Outra saída de pressão do Sporting.

Outra saída de pressão do Porto.

Finta feita para o lado do stick
Alguns lances que exemplificam a muita rentabilidade em fazer a finta para o lado contrário do stick do adversário e outros lances que mostram precpouca rentabilidade em fazer a finta ou o transporte de bola para o lado do stick do adversário.


Lado contrário do stick do defesa


Lado contrário do stick do defesa


Lado do stick do defesa

Lado do stick do defesa

Lado do stick do defesa

Lado do stick do defesa


Livre direto
É uma opção tão válida como não tomá-la. Ao não atacar a bola, é certo que Girão terá mais facilidade em manter a posição. Ao atacá-la como foi o caso, perde agilidade e posicionamento para defender a bola mas, ao mesmo tempo, se lhe corre bem, evita que a bola vá sequer à baliza.




Participação do quarto elemento
O Sporting também fez bem esta situação, frente ao Benfica. É uma situação que resulta com defesas subidas e, normalmente, frente a equipas que estão em desvantagem no resultado. O quarto jogador de quem está a ganhar vê-se apertado pelo opositor direto e aproveita essa proximidade para se desmarcar, deixando para trás o defesa direto. Como o adversário está a defender aberto e em HxH puro, se os elementos mais avançados da equipa que ganha deixarem os espaços de perigo livres, o quarto jogador acaba por conseguir isolar-se frente ao guarda-redes.



Defesa do bloqueio
Um movimento interessante dos defesas do Sporting. O defesa do portador da bola desinteressa-se completamente por este e preocupa-se em ficar de frente para o bloqueador o mais rápido possível, de maneira a estar entre este e a baliza no momento da troca de marcação. Quando o portador da bola está mais perto da baliza adversária é mais frequente vermos essa preocupação mas, quando a defesa está subida, não é muito comum. Este movimento deu bons resultados defensivos.




Defesa


Falha de comunicação, ficando os dois defesas com o portador da bola.


Bessa desiste do lance e não ajuda defensivamente. Há mérito na ação de Rafa que consegue perceber que não tem ângulo e devolve a Hélder Nunes que passa a Mena para finalizar. No entanto, em alta competição, não se pode virar as costas à bola quando esta ainda está no stick do adversário.


De novo, os dois defesas a ficar com o portador da bola. Se ainda o atacassem no sentido de ganhar contra-ataque, como até estavam em desvantagem no marcador, era compreensível, mas como não foi o caso, o Sporting acaba por não ganhar com esta ação.


Bem defendido por Magalhães e Bessa deixando uma larga distância para com o opositor direto.

Magalhães tardiamente a fazer a troca de marcação, ficando para trás em relação ao portador da bola.


Parece mentira mas na verdade acontece algumas vezes, ainda que não me lembre de ver em primeira divisão. Normalmente deve-se a falta de comunicação e o que parece fácil acaba por se tornar fatal. O Porto faz um golo em 1x3 porque, por falta de entendimento da defesa, cada um deixa para o outro a responsabilidade da marcação/pressão a Gonçalo Alves. Todos pensavam que o avançado não ia para a baliza, que iria 'encaixar' na defesa e passar para trás. Tal não aconteceu.



Este vídeo abre uma série de vídeos que exploram a viragem dos patins em termos defensivos. Vou ser direto, a história que alguns treinadores contam do 'defesa tem de estar sempre de frente para o atacante' comigo não pega. Peguemos num relógio, a nossa baliza fica às 6 horas. Primeiro, os patins do defesa não podem estar ao meio-dia (a menos que queira arriscar ganhar a bola e ter contra-ataque). Têm de estar às 9, 10, 11, 1, 2 ou 3 horas. Nesse horário, garanto-vos que chegam sempre primeiro às 6 do que se estiverem com os patins no meio-dia. É matemática, não é uma opinião.

Assim sendo, imaginemos que temos os patins nas duas da tarde e que o atacante arranca para as 11 da manhã. Das 11 às 6 horas são cinco horas (relógio andando para trás, digamos). Se o defesa tem na ideia de que tem de estar sempre para o atacante e faz o que Bessa fez, vai demorar oito horas a chegar às 6 (mais lento que o atacante), no entanto, se for pelo caminho contrário (o mais rápido), chega lá em quatro (mais rápido que o atacante). Vira momentaneamente as costas, é certo, mas chega antes do atacante ao espaço pretendido.

No vídeo em cima e nos v






Aqui vemos exemplos contrários, em que a prioridade do defesa é estar com os patins nas 6 horas primeiro que o adversário, mais do que estar de frente para este. Naturalmente que numa zona próxima da área, onde pode surgir remate perigoso, é conveniente não virar as costas à bola para poder atacar o remate. De resto, a conveniência defensiva quanto a mim tem mais a ver com o defesa chegar primeiro às 6 horas do relógio do que estar sempre de frente para o ataque. E de preferência sempre em pressão ao portador, sempre a atacar a bola e a obrigá-lo a focar-se no opositor direto e não no resto do jogo.




Em baixo, uma situação de liderança defensiva. Lamas 'diz' a Platero que pela tabela não pode ir. Dá-lhe a parte central, com mais gente e impede que haja movimentação para o último terço do rinque através da tabela.



Ataque
Alguns movimentos interessantes a três jogadores por parte das duas equipas. Movimentação a três jogadores é super difícil de defender porque não é fácil estarmos focados em duas coisas ao mesmo tempo (bola e opositor direto). Se forem três jogadores, pelo menos, em movimento, são três defesas que estão divididos entre o foco na bola e o foco no opositor direto, sendo quase impossível de defender com sucesso se se tratarem de movimentações coletivas, com a bola a passar pelos vários elementos em rinque.



Aqui o movimento é praticamente a dois mas pretendo sublinhar a importância de jogar atrás da baliza e a dificuldade que trás à defesa que dificilmente consegue posicionar-se de frente para os dois (bola e adversário). A probabilidade de receber bola nas costas como aconteceu é alta.


Aqui um belo movimento 3x2 ofensivo. Dois jogadores sem bola do mesmo lado, com entrada de um deles para o lado contrário, tornando o 3x2 num 2x1 e aumentando a probabilidade de fazer golo.


Movimento a três com dobra de passe. A dobra de passe também é um movimento interessante porque obriga a defesa a mudar de foco constantemente. O foco principal da defesa está sempre na bola. Se ela muda rapidamente de sítio e de stick para stick, obriga a defesa a mudar rapidamente de foco e a nem ter tempo para, por exemplo, antever o bloqueio como aconteceu.


Aqui movimento a quatro. Às vezes nem é preciso a bola passar por todos ou por três, basta por dois, se os restantes estiverem em movimento e em zonas de perigo, já estão a prender a atenção do adversário direto.


Movimento a três

Movimento a três


Simulação do remate
A melhor finta em hóquei em patins, na minha opinião. Obriga sempre a reação defensiva que, se não acontecer, terá perigo para a baliza através do remate. Assim, o defesa normalmente age no sentido de impedir o remate e é surpreendido ou com transporte de bola ou passe, como acontece nestes dois lances em baixo.



Passes errados
A finalizar, o exemplo de um dos muitos passes errados pelo Sporting. Ligeiramente recuado em relação ao stick do recetor, faz com que este nem consiga ganhar velocidade perante o adversário e ainda tenha de se focar em pôr o stick para trás para ficar com a bola. Neste entretanto, o defesa já percebeu que irá receber em dificuldade e ataca a bola.




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