MARINHENSE V JUV. VIANA




Marinhense:
A. Mola (G, 50), C. Nardi (47), F. Beirante (35), J. Lomba (35), J. Fernández (34), G. Domingues (33), L. Bridge (14), F. Ronquilho (1), J. Santos (1)

Juv. Viana: B. Guia (G, 40), P. Baptista (37), C. Ramirez (30), G. Magalhães (26), G. Silva (26), C. Loureiro (25), C. Oliveira (24), M. Almeida (15), J. Araújo (14), J. Pereira (G, 10)

Superioridades numéricas em contra-ataque:
Marinhense: 3 (1 3x2; 2 2x1)
Juv. Viana: 5 (2 3x2; 2 2x1; 1 4x3)

Perdas de bola no stick:
Marinhense: 12 (F. Beirante 5; C. Nardi 3)

Juv. Viana: 14 (P. Baptista 3; C. Oliveira 3)

Bolas ganhas no stick:
Marinhense: 14 (J. Fernández 6; J. Lomba 3; C. Nardi 3; L. Bridge 2)

Juv. Viana: 12 (C. Ramirez 3; G. Silva 2; C. Loureiro 2; P. Baptista 2)


Marinhense
Defesa

Não pressionante exceto atrás da baliza.

Ataque
Movimentos 'clássicos' (ver detalhadamente em baixo) bem feitos e condizentes com a situação de jogo, logo, boa interpretação dos atletas da situação de jogo. Movimentos variados entre a zona traseira da baliza adversária (colocação 2+2) e o meio-rinque (colocação 3+1). Boa capacidade individual e, também aí, o Marinhense foi superior ao adversário.

Juv. Viana
Defesa

Nunca pressionante, exceto na segunda parte, derivado do resultado negativo e com dividendos. Na etapa complementar, a Juventude de Viana acabou por conseguir mais contra-ataques devido à defesa subida e agressiva e colocou sempre em dificuldade o ataque organizado do Marinhense. A vantagem na primeira parte do Marinhense foi o ataque organizado mais dinâmico, assim como a capacidade individual ofensiva dos seus atletas. Na segunda parte, o Marinhense voltou a ser mais forte mas principalmente nos lances ofensivos individuais e na defesa, coletiva e individualmente, uma vez que a Juventude de Viana nunca conseguiu ser superior coletivamente mas, na segunda parte, quer pela meia-distância quer pelo lance individual, ameaçou mais.

Ataque
A grande pecha dos minhotos. Ataque também com movimentos 'clássicos' mas feitos com muito menos dinâmica e leitura de jogo por parte dos atletas. O jogo atrás da baliza foi bem anulado pela defesa do Marinhense. A opção acabou por ser a meia-distância e o lance individual mas sempre sem sucesso. Os lances de sucesso acabaram por surgir nas transições ou roubos de bola em zona de construção do adversário, fruto da pressão defensiva lançada no segundo tempo pelos forasteiros.

OUTRAS NOTAS
Nesta partida, acho que mais uma vez venceu e jogou melhor quem teve 1) mais capacidade individual defensiva e ofensiva, 2) mais leitura de jogo/tomada de opções consoante a situação de jogo. Nos primeiros vídeos, pretendo dar exemplos disso:

Ataque
Chamo de movimentos 'clássicos' situações comuns a muitas equipas. Bloqueios laterais dos avançados; médio a ganhar velocidade a partir do meio-rinque defensivo (movimento implementado em Portugal por Alejandro Domínguez nos tempos de Benfica); dá no meio-rinque, entra e recebe à frente; patinagem com bola, horizontal, no meio-rinque e passe ao outro médio que vai em desmarcação, quando os dois defesas mais avançados focam-se na bola, deixando o segundo médio em vantagem, entre outros. Muitos destes iremos ver agora, em baixo, de forma bem executada, pelo Marinhense.



Nardi pucha a defesa para uma lateral do lado direito do ataque. Vê que está pouco espaço disponível para atacar essa zona e vira para o lado contrário, incluindo o médio (Beirante) na jogada. Quando Beirante recebe, Domingues já está a fazer o bloqueio e consequente saída para zona da finalização, tornando difícil à defesa quer a troca quer o acompanhamento do portador da bola, ainda que também seja verdade que o bloqueio feito pelo avançado também traga mais defesas para a zona da bola, dificultando a tarefa do portador.
 


Médio a ganhar velocidade no meio-rinque defensivo, dificultando a tarefa do defesa que está parado e, como tal, terá dificuldade em acompanhar o futuro portador da bola que está em velocidade.

Além disso, acompanhando o resto do lance que deu o 2-0, quero acrescentar a importância de terminar os ataques a servir o interior. Para o guarda-redes faz muita diferença porque nunca está posicionado para este e, além disso, é uma finalização à queima-roupa, muito diferente de finalizações por parte do portador da bola, em remates batidos fora de área, onde o guarda-redes já está posicionado para este, facilitando a defesa e dando poucas hipóteses de sucesso ao ataque. Na minha opinião, a única situação em que o guarda-redes está em desvantagem nos remates batidos do portador da bola é a velocidade com que a bola parte. Se for muita, torna difícil a reação ao guarda-redes, no entanto, nem todos (grande parte) são Gonçalo Alves e grande parte dos remates batidos do portador da bola que não sofrem desvio e cuja partida da bola é vista pelo guarda-redes terminam em defesa do mesmo.

Um dá e entra de Beirante, com uma nuance muito interessante de Nardi que previamente faz o passe e bloqueia o defesa de Beirante, que entra sem bola. Um movimento a três jogadores (Nardi, Beirante e Fernández) e com bloqueio indireto (bloqueio ao defesa de um jogador que não tem bola), muito difícil de defender se tivesse sido feito com outra intensidade.

Já a Juventude de Viana, revelou-se menos dinâmica e com opções que não se coadunaram com aquilo que era exigido naquele momento.


Bloqueio feito pelo jogador que nunca teve a bola, muito fácil de prever e atuar defensivamente. Ter bola, arrancar, passar e bloquear, isso sim, torna difícil a ação defensiva.


Insistência num lado do rinque que já está bastante povoado.


Terminar um contra-ataque 3x2 com um remate de meia-distância lateral...


Defesa
Alguns lances que revelam a indecisão do defesa entre o portador da bola e o jogador sem bola que supostamente deveria defender, assim como transições defensivas em que o foco ficou na bola, deixando as transições ofensivas em superioridade numérica.

São situações fáceis de ver quando acontecem, mas difíceis de perceber por que é que acontecem, sabendo o defesa qual o jogador a marcar. É uma questão de (falta de) foco ou de tomada de decisão rápida.


Defesa foca-se na bola e perde a ideia do jogador que deveria estar a marcar.

Defesa foca-se na bola e perde a ideia do jogador que deveria estar a marcar.

Defesa foca-se na bola e perde a ideia do jogador que deveria estar a marcar.

Nos próximos dois vídeos há um foco na bola por parte de dois defesas, contudo, numa situação totalmente diferente e, sinceramente, de decisão muito difícil a meu ver. Isto porque o defesa que acompanha o portador da bola vai em atraso, fazendo de uma igualdade numérica uma inferioridade numérica defensiva, na verdade. Assim sendo, é difícil ao(s) defesa(s) mais recuados perceber se podem ficar com outro atacante sem bola e fazer literalmente uma igualdade numérica (cada um fica com o seu) ou se devem dar atenção ao portador da bola que está marcado mas, na verdade, tem o opositor direto em desvantagem (uma inferioridade numérica defensiva).





O acompanhamento do portador da bola atrás da baliza defensiva, para mim, faz todo o sentido. No entanto, se o defesa já está atrasado, não deve dar continuidade a esse movimento, devendo cortar caminho pela frente da baliza e não por trás, de forma da não ficar fora do lance como aconteceu neste vídeo.


Transição defensiva com dois elementos a olhar/ficar com o portador da bola.

Continuando no tema defensivo, um bom e um mau exemplo nos próximos dois vídeos. No primeiro, Pedro Baptista faz uma coisa que poucos fazem e que, apesar de achar positivo, também acho discutível. A troca de mão do stick na defesa. Não foi o único a fazê-lo por parte da Juventude de Viana e, valha a verdade, fê-lo sempre muito bem. E é aí que entra, na minha ótica, o ponto discutível. Isto porque esta opção da troca da mão do stick só dá bom resultado se o atleta se sentir confortável em manejá-lo com as duas mãos, o que me pareceu que foi o caso de Pedro Baptista. Ou seja, se eu consigo cortar um passe ou atacar uma bola com o stick em qualquer uma das mãos, acho positiva esta ação, contudo, se eu troco a mão do stick só para dizer ao adversário que tenho o stick daquele lado e não o quero a movimentar-se para ali, não tendo força para poder intercetar ou atacar a bola, não me faz sentido fazê-lo.

Como já disse, Pedro Baptista sente-se confortável com a troca como podemos constatar neste vídeo, em que, perante insistência do adversário em seguir para o lado do stick, o jogador da Juventude consegue impedi-lo.


Má postura defensiva de Araújo, na minha opinião. Como referido na análise passada, a menos que haja um claro intuito de arriscar em ganhar a bola em situação de risco, não faz sentido ficar com os patins de frente para o atacante, dando-lhe 50/50 de oportunidade de avanço entre o lado esquerdo e direito, como aconteceu no vídeo em baixo. Araújo ataca a bola com os patins de frente e, não conseguindo ganhá-la, perde o 1x1 defensivo, não tendo capacidade de recuperar o posicionamento muito por culpa da postura defensiva inicial. 


Altura da bola
É um tema que me faz alguma confusão e por isso decidi trazer aqui ao blogue. Caros árbitros (e são muitos a penalizar este tipo de lance erradamente), a altura da baliza é de 1.05 metros e a altura de bola permitido é de 1.50 metros. Não é passar por cima da barra da baliza e já é falta. Não... Há alguma distância entre a altura da barra e a altura permitida para se jogar a bola. Não sendo de cima para baixo como não foi, este golo deveria ter sido validado. Aliás, acho que existe muito rigor por parte dos árbitros em assinalar este tipo de falta quando, na verdade, a regra existe somente por uma questão de segurança dos atletas. Como ninguém anda de régua na mão a ver onde estão os 1.50 metros, o objetivo deveria interromper ou invalidar golos só em casos extremos e demasiado evidentes, e não o contrário.



Livre direto
Bem executado. Um livre direto em andamento, na minha opinião, só tem três finais: 1) este de Bridge, com 'dança' e finalização algo longe do guarda-redes para ainda haver ângulo; 2) 'dança' até ao final, apenas possível se o guarda-redes se mexer bastante e ficar deslocado; 3) em remate no ar (picadinha), que pode ser possível tanto perto como longe do guarda-redes.

A linha branca à frente de Guia era, neste caso e para mim, o limite de finalização com bola no chão de Bridge, uma vez que Guia nunca ficou deslocado da posição inicial. Foi precisamente daí que o argentino finalizou, conseguindo um excelente ângulo para a finalização.


Barreira
Tema complexo, para mim. 'A barreira abriu'. Pois abriu, mas se avançarem como avançaram, acho que dificilmente não abrirão. Ou seja, acho que das duas uma, ou avançam e correm este risco de a bola passar entre eles, ou permanecem onde estão e juntam as pernas, de forma a que a bola não passe. As duas coisas (avançar e não permitir que a bola passe) acho difícil de fazer.



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