PAREDE V PAÇO DE ARCOS




Parede:
T. Mendonça (G), G. Carvalho (G), F. Martins (1), J. Tiago, R. Martins, D. Pernas (1), P. Lopes, R. Ogura, J. Sardo (3), A. Gaspar (1)

Paço de Arcos: D. Matraco (G), R. Rocha, A. Guinote (1), P. Vaz, B. Sousa, D. Fonseca, B. Frade (3)

Transições ofensivas em superioridade numérica (sem contabilizar PP)
Parede: 19
Primeira parte: 11 (5 4x3; 5 3x2; 1 2x1)
Segunda parte: 8 (1 4x3; 4 3x2; 3 2x1)

Paço de Arcos: 8
Primeira parte: 3 (2 2x1; 1 2xR)
Segunda parte: 5 (2 4x3; 2 2x1; 1 1xR)

O Parede revelou-se mais rápido quer na decisão para a transição ofensiva, quer na transição defensiva.

Remates na baliza (sem contabilizar PP)
Parede: 33 (20/13)
Paço de Arcos: 20 (8/12)

Na etapa complementar, fruto da vantagem no marcador, o Parede acabou por rematar menos de fora da área e alongar os ataques organizados, terminando os ataques, como veremos em baixo, com mais perdas de bola sem remate.

Perdas de bola (sem contabilizar PP e sem contabilizar assistências sem sucesso)

Parede: 4 na primeira parte/17 na segunda parte
PA: 18 na primeira parte/15 na segunda parte

Para mim, um dos dados mais importantes nesta partida e que revela as diferentes posturas das duas equipas. O Parede revelou-se sempre pressionante, não deixando jogar o adversário, obrigando-o a constantes perdas de bola.

O Paço de Arcos, provavelmente por saber que o Parede é uma equipa dinâmica em todos os momentos de jogo (transições, defesa e ataque organizado), adotou uma postura inicial mais comedida, defesa mais fechada e não forçando a perda da bola do adversário, jogando no seu erro ofensivo (ou seja, em possíveis más transições defensivas do Parede), o que até resultou nos minutos iniciais da partida, obrigando, na minha opinião, a que o Parede fosse mais rigoroso no ataque organizado 4x4.

As duas posturas fazem-me sentido, ainda que a primeira (do Parede) seja mais meritória pelo trabalho que exige defensivamente.

Na segunda parte, fruto de estar em vantagem e de maior aperto defensivo do Paço de Arcos, o Parede acabou por perder muito mais bolas quando comparado com o primeiro tempo.


OUTRAS NOTAS
Risco defensivo

O tema que para mim mostrou a maior diferença de postura entre as duas equipas. O Parede, mesmo em zona de meio-rinque, demonstrou-se muito pressionante principalmente durante toda a primeira parte, criando desconforto no ataque organizado do Paço de Arcos. Sempre a tentar ganhar a bola, principalmente após os passes, aproveitando o tempo em que a bola 'viaja' de stick para stick, para mudar a posição defensiva de quem não defendia o homem da bola e, após o passe, passou a defender.


Ogura aproveita o tempo de viagem da bola de stick para stick (passe), para atacar a bola quando esta chega ao novo portador. Este tipo de defesa aporta riscos como vemos (defesa foi ultrapassado), mas é indiscutível que desconforta o adversário e obriga-o a decisões rápidas em zonas perigosas do rinque.

Ogura de novo, posiciona-se em ajuda defensiva e, durante o passe, posiciona-se para pressionar.


Tentativa de ganhar a bola de Sardo, de novo durante o passe/receção.

De novo Ogura, durante o passe/receção.

Transições ofensivas
Transições semelhantes das duas equipas e muito interessantes, em que um dos jogadores que está mais recuado acaba por, passados alguns segundos, ser o jogador mais avançado e melhor posicionado da equipa para receber o esférico. O sucesso desta ação deve-se, na minha opinião, a dois fatores:

1) Todas as equipas que pressionam após a perda da bola colocam, naturalmente, cada um dos seus elementos 'colado' ao adversário. Se os jogadores mais avançados da equipa que recuperou a bola se colocarem nas tabelas, fica um enorme espaço na zona central.

2) Esse espaço na zona central é aproveitado pelo elemento mais recuado e que não tem bola, para se desmarcar. Este elemento beneficia de, grande parte das vezes, o seu defesa direto ser um dos jogadores que terminou o ataque com finalização ou que, quando o ataque terminou, está claramente posicionado com intenções ofensivas e não defensivas, ficando em claro contrapé quando a transição defensiva acontece.


Jogadores mais avançados do Parede abrem nas tabelas. André Gaspar, que até é quem rouba a bola, passa a ser o elemento mais adianto da equipa poucos segundos depois.


Apesar da decisão precipitada de Ricardo Rocha (portador da bola), fica a ideia.

De novo decisão precipitada, mas percetível a ação de Ricardo Rocha, elemento mais recuado da equipa, sem bola, a desmarcar-se pelo meio aberto pelos outros dois jogadores, encostados na tabela.

Nova ação, desta vez o Parede beneficia de ter o último elemento bem recuado (ou seja, não pressionou ninguém após a perda da bola), ficando com o jogador do Paço de Arcos que estava mais atrás.

Transição com os mesmos contornos, pelo Parede.

Transições defensivas
A boa transição defensiva vive de nenhum erro individual. Basta haver uma má decisão no ataque (remate com a equipa desequilibrada, por exemplo), uma não recuperação ou um mau posicionamento quando a bola está prestes a ser perdida (bolas divididas, por exemplo), para desequilibrar logo todo o coletivo na transição defensiva.


Remate de Diogo Pernas já próximo da área e com três colegas à frente da linha da bola. Quanto mais perto for o remate da baliza, mais rápida será a transição da equipa contrária, pelo que é conveniente ter pelo menos dois elementos atrás da linha da bola para uma boa transição defensiva, quando o remate é feito já em zonas próximas à área.

Ricardo Rocha vai atrás da baliza do adversário tentar roubar a bola. Naturalmente o adversário patina para o lado contrário, conseguindo ganhar-lhe a frente. É certo que estávamos numa situação de desvantagem no Paço de Arcos, com pouco tempo disponível, mas esta ação defensiva tinha pouca probabilidade de dar resultado.


André Gaspar fica-se na zona de finalização enquanto o seu defesa parte para ação ofensiva.

André Gaspar larga o seu jogador e, com o portador de bola de frente para o jogo e com toda a possibilidade de decidir bem, faz de segundo jogador a defender o tal portador, deixando o seu adversário direto completamente solto. Nesta situação, uma possível troca de marcação também não faz sentido, uma vez que o jogador de André Gaspar já está nas costas do colega de equipa que defendia o portador da bola.

Novo remate com três colegas de equipa à frente da linha da bola. Desta vez um pouco mais afastado da área, dando um pouco mais de possibilidades de recuperação defensiva. Ainda assim, deu contra-ataque 2x1 e penálti a favor do Paço de Arcos.

Apoio defensivo no último terço
Considerando o último terço de rinque uma zona perigosa para o adversário ter a bola à vontade, o Parede utiliza três a quatro elementos a defender nessa zona, obrigando o adversário a jogar longe da baliza (meio-rinque) ou a perder a bola.



Bloqueios - Defesa e Ataque
Seis vídeos, três movimentos diferentes, dois ofensivos e um defensivo.

1) Bloqueio cego/indireto
Belo movimento do Paço de Arcos, com participação de três elementos da ação ofensiva, sempre difícil de defender. Há um bloqueio ao defesa de quem irá finalizar (no primeiro vídeo) ou transportar para zona perigosa (segundo vídeo, segundo 10, talvez pouco percetível devido ao sucesso da troca defensiva)





2) Bloqueio invertido
O bloqueador parte de uma zona do rinque (por exemplo, lateral) mas faz o bloqueio para outra zona (por exemplo, central). No primeiro vídeo vem da lateral para fazer um bloqueio à frente e não atrás do defesa, ou seja, para exploração da zona central e não lateral. No segundo vídeo, vem da lateral e faz bloqueio na zona central, também para exploração da zona central e não lateral.





3) Trocas defensivas no bloqueio


Boa troca de Pedro Lopes. Tenta atacar o portador da bola e quando vê que já não tira nada dessa pressão, preocupa-se em fazer a troca defensiva rapidamente, de modo a ficar entre o bloqueador e a sua baliza.


Mau posicionamento de Diogo Pernas. Não pressiona o portador da bola mas continua com os patins virados para este e com o bloqueador nas suas costas. Quando há a troca, fica por trás do bloqueador e com este apenas com a baliza à sua frente.

Boa troca de André Gaspar, tal como Pedro Lopes no primeiro vídeo. Pressiona o portador da bola o mais que pode e quando vê que já não dá mais, preocupa-se em ficar entre o bloqueador e a sua baliza.


Rotação para o lado contrário ao stick
Principal na zona atrás da baliza, deixa o defesa em dificuldades de recuperar a posição. Aqui, Ricardo Rocha também poderia ter trocado a pega do stick, forçando Filipe Martins e voltar atrás na decisão.


Defender homem sem bola atrás da baliza
Diria proibido tomar esta decisão defensiva. Ricardo Rocha vai atrás da baliza defender um jogador sem bola. Este, quando recebe, fica em boa posição para atacar a bola. Lance de golo (2-1) para o Parede.


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