VALONGO V TURQUEL


Valongo:
T. Freitas (G, 50), 
Carlitos R. (43), J. Almeida (39), J. Lima (35), T. Sanches (24), X. Silva (22), J. Pedro (21), M. Moura (14)

Turquel: D. Almeida (G, 50), D. Passos (41), Nanu C. (36), A. Pimenta (26), X. Lourenço (26), T. Mateus (26), Salvador A. (23), E. Funes (19)

Bolas perdidas (sem intenção de atacar a baliza/faltas com posse de bola incluidas/não contabilizado Power-play):

Valongo: 28 (16 na segunda parte)

Turquel: 29 (12 na segunda parte)

Bolas perdidas entre o minuto 23.30 da primeira parte e o minuto 5.30 da segunda:
Valongo: 0 (4 golos) / Turquel: 5 (0 golos)

Num jogo muito igualado e aberto (pouco tático e com defesas muito abertas, baseado em lances individuais ou movimentos a dois, com bloqueio), sete minutos foram fatais para os forasteiros que, nessa etapa, fizeram um parcial de 5-0 em bolas perdidas e 0-4 em golos.

Acho que o Valongo foi sempre mais forte ao longo da partida (basta ver os remates dentro de área, em baixo) quer a atacar quer a defender, mas esta superioridade não justificou tamanha diferença no marcador. Na primeira divisão, erros individuais e cedência de superioridades numéricas paga-se bem caro (lembro-me também do Turquel 6-6 Murches em que os leirienses cederam alguns contra-ataques em superioridade numérica, suficientes para dar ao Murches alguma vantagem no marcador).

Das duas, uma. Ou o Turquel procura melhorar a sua recuperação defensiva (ou reduzir as perdas de bola em zonas que beneficiem contras em superioridade numérica) ou terá de trabalhar melhor a defesa em inferioridade numérica nas transições, caso pretenda sair da zona de despromoção.


Remates dentro de área na baliza (sem contar com power-play):

Valongo: 8 na primeira parte (2 golos)/8 na segunda parte (3 golos, 1 de penalti)

Turquel: 0 na primeira parte/5 na segunda parte


Primeiro remate dentro de área do Turquel ao minuto 32 (penálti)
Primeiro remate dentro de área do Turquel em jogo corrido ao minuto 35


Remates fora de área na baliza (sem contar com power-play):

Valongo: 3 na primeira parte/4 na segunda parte

Turquel: 11 na primeira parte (1 golo)/5 na segunda parte (1 golo)

Dados que revelam bem a fineza das duas equipas no trato da bola e no respeito pela beleza desta modalidade, dando prioridade à construção de jogo e qualidade nos ataques. No entanto, como já tinha referido no Sanjoanense-Valongo, estes dados também são manipulados pelas defesas subidas que 'convidam' muito ao jogo construído e menos à meia-distância, seja pelo espaço que abrem para avançar com bola, seja pela proximidade do defesa ao portador da bola que dificulta o movimento do remate.


Superioridades numéricas (sem contar com power-play):

Valongo: 6 - 3 na primeira parte (1 1xR; 3 3x2, 2 golos)/3 na segunda parte (1 4x3; 2 2x1)

Turquel: 3 - 1 3x2 na primeira parte/2 3x2 na segunda parte (1 golo)


Transição ofensiva/Defesa alta

Repare-se como o Valongo defende em puro 1x1. Nanu Castro não tem linhas de passe e tem todo o espaço para o 1x1, no entanto, tem de ser mais forte que o defesa neste capítulo. Se não for, como não foi, a probabilidade de haver transição em superioridade numérica é grande, porque os defesas estão colados aos avançados e, quando trocam os papéis, o posicionamento dos defesas (que depois passam a atacantes) é melhor que o dos avançados (que depois passam a defesas).

Este lance demonstra tudo isso, com Carlitos, autor do golo, a ser o jogador do Valongo mais recuado. Foi, no entanto, quem fez o golo e quem, dos quatro em pista, terminou o ataque mais longe da sua baliza. Isto porque o jogador que ele estava a marcar, quando a bola foi perdida pelo Turquel, fica sempre em desvantagem posicional em relação ao jogador que passará a defender e, mesmo sendo o elemento mais recuado, Carlitos acaba por ser, dos quatro, o jogador melhor posicionado para atacar.

Bloqueio do portador da bola

Ter patinado com bola, feito o passe e, poucos momentos depois, feito o bloqueio, fez com que houvesse pouco tempo para a mudança de foco da defesa, que acabou enredada no bloqueio de Xico Silva. Se Xico Silva tivesse feito o passe logo na meio-rinque e patinado para fazer o bloqueio, iria dar tempo de reação à defesa e, muito provavelmente, não conseguiria 'prender' dois defesas consigo. É esta a diferença entre fazer um bloqueio poucos momentos antes de ter a bola ou fazer o bloqueio sem ter a bola ou muito tempo depois de ter bola.


Troca de pegas do stick
Um tema interessante. A troca de pegas do stick, cada vez mais em voga e que, na minha opinião, deve ser mais escrutinado. Isto porque existem momentos em que faz sentido e outros em que não faz tanto, a meu ver. Faz sentido trocar a pega para 'convidar' o atacante a ir para certas zonas do rinque, não faz sentido defender 1x1 trocando constantemente as pegas (ou seja, quando existe uma forte possibilidade de existirem duas a três mudanças de direção por parte do atacante).

Vídeo em cima, tendo inclusive em conta que Carlitos faz este lance pelo menos três a quatro vezes por jogo e sendo um dos seus pontos mais fortes, Xavi Lourenço poderia ter começado com o stick do lado fora para convidar o adversário a ir para zonas interiores, mais povoadas, forçando-o a não fazer um dos seus lances favoritos. Ele que até tinha o stick na mão direita (Xavi é esquerdino), passou-a para o seu lado natural mas, bem, ainda que demasiado tarde, voltou a passar o stick para a sua mão direita.

Vídeo em baixo reflete, a meu ver, a situação que referi no primeiro parágrafo: constante mudança de pega acaba por atrapalhar o defesa, principalmente no ataque à bola. Uma coisa é 'convidar' o avançado a ir para outro lado, outra é atacar a bola. Uma opção, neste caso específico, seria não atacar a bola e continuar apenas a impedir a passagem para zonas perigosas.



Outros dois lances com boa troca de pega do stick.




Pressão defensiva

Boa opção de André Pimenta, ativo, obrigando o adversário a sair de zonas perigosas. Sermos passivos nestas situações pode custar caro. Pode haver a assistência letal ou o posicionamento em zonas perigosas (atrás da baliza, por exemplo).

Troca de marcação antecipada
Boa decisão de João Almeida. Vendo que não vai conseguir acompanhar o opositor direto, antecipa a troca e coloca-se entre o novo opositor (bloqueador) e a sua baliza, antecipando a entrada deste para zonas de perigo.

Bloqueio interior vindo de zona exterior
Excelente bloqueio de Miguel Moura, passando do exterior para o interior de Nanu, ficando difícil de antecipar solução para a situação. A troca de bola também ajudou o bloqueio, isto porque a bola vai da esquerda para a direita de Nanu (mudando o seu foco) e de repente volta logo a ir para a esquerda, quando Nanu ainda se posicionava para uma situação de bola no seu lado direito. Tudo muito bem trabalhado e muito mérito do Valongo.

Posicionamento defensivo
Má opção de André Pimenta. Nunca se faz a marcação HxH, digamos assim, a um jogador que está sem bola atrás da baliza. Sempre marcação à zona, para evitar a situação que acabou por acontecer. Defesa vai de um lado, avançado desmarca-se do outro.

Erros ofensivos

Displicência paga-se bem caro em primeira divisão. Más decisões em 2x1 originam contra-ataque em superioridade numérica no lado contrário (que até deu golo). O pior é que este passe errado era perfeitamente evitável se Tiago Sanches tivesse concentrado em passar no timing certo, em vez de se concentrar a olhar para o lado contrário enquanto passa.

Mudança de velocidade na receção
Belo pormenor de Ezequiel Funes, aproveita o lado contrário da pega do stick do defesa para, logo na receção, mudar a velocidade e ganhar vantagem ao mesmo.


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