VALONGO - Martim Almeida (G, 40), Ricardo Azevedo (38), Rodrigo Marques (35.30), Tomás Santos (33), Martim Silva (27.30), Luís Viana (11), Vasco Almeida (11)
OLIVEIRENSE - Afonso Ribeiro (37), Tomás Almeida (35), Rodrigo Morais (28.30), Santiago Honório (28), Simão Silva (26.30), Bruno Torres (G, 20), Pedro Bessa (G, 20), Rodrigo Silva (5)
ROUBOS DE BOLA (SÓ CONTABILIZADO EM 5X5)
6 - Martim Silva
4 - Santiago Honório
3 - Rodrigo Morais, Tomás Almeida, Afonso Ribeiro, Simão Silva, Tiago Santos
SUPERIORIDADES NUMÉRICAS EM CONTRA-ATAQUE (SÓ CONTABILIZADO EM 5X5)
Valongo - 3 (1 2x1, 2 3x2)
Oliveirense - 7 (3 3x2, 3 2x1, 1 4x3)
ATAQUES ORGANIZADOS NO ÚLTIMO TERÇO DO RINQUE (SÓ CONTABILIZADO EM 5X5)
Tendo em conta que, dos doze jogadores em pista, só dois eram esquerdinos (e os dois do Valongo), assumo que é mais fácil transportar a bola pelo lado direito do ataque do que do lado esquerdo (lado do stick dos defesas). No entanto, também é mais fácil conseguir finalização, finta e condução de bola com intuito de baliza pelo nosso lado natural, ou seja, pelo lado esquerdo do ataque (lado contrário da mão que segura o stick).
Conclusão, se o objetivo do transporte da bola é levá-la para o último terço para assistir no interior da área ou para jogar para colegas sem bola atrás da baliza, pelo lado direito do ataque é mais fácil porque a bola vai estar mais longe do stick do defesa (ou seja, objetivo do portador é transportar e não atacar). No entanto, se o objetivo for finalizar, fintar o defesa ou entrar para o interior da área em condução de bola para aí finalizar, fica mais fácil pelo lado esquerdo, uma vez que a condução de bola também é feita pelo lado de fora (lado esquerdo do portador da bola), mas pelo lado 'natural', apesar de, ao mesmo tempo, ter a desvantagem de ser o lado do stick adversário.
Assim, a estatística em cima diz-nos o seguinte: a Oliveirense foi mais agressiva defensivamente, evitando que o portador da bola adversário atacasse (lado esquerdo do ataque do Valongo) pelo lado preferencial para finalizações ou 1x1. Obrigou o Valongo a ir mais em condução de bola (lado direito do ataque), evitando perigo no 1x1.
Já a Oliveirense, menos pressionada no ataque, conseguiu variar tanto o lado esquerdo como o lado direito. Muito 1x1 do lado esquerdo e mais procura de assistir quando transportando a bola pelo lado direito.
É uma estatística que nos diz mais da opção defensiva (até que ponto estamos ou não a pressionar, e onde) do que ofensiva, ou seja, o ataque aqui só vai pelo lado que a defesa deixa. Para a defesa, é sempre difícil conseguir evitar incursões pelo seu lado esquerdo por ser mais o lado contrário ao stick da maioria dos atletas (destros), mas pelo lado direito, se for agressiva, pode evitá-lo.
VALONGO
Defesa - Muito subida. Tendo em conta que falamos de formação, não pode haver melhor perspetiva. Este tipo de defesa atribui muita responsabilidade individual, melhora patinagem, concentração e capacidade de reação. Apesar de compreender de que individualmente a equipa contrária tinha mais argumentos, acho que mais agressividade ao portador da bola teria ajudado defensivamente. Estando em passividade, a pressão acaba por não ter tantos resultados, apesar de também ser verdade de que, sendo que o adversário é melhor individualmente, poderá ser um suicídio fazê-lo. Boa tentativa de antecipação dos bloqueios e procura de não aproveitamento dos mesmos por parte do adversário.
Ataque
Boa saída da pressão no meio-rinque defensivo. Mais dificuldade na construção do 4x4 por mérito da pressão adversária. Falta mais dinâmica nas transições ofensivas, com envolvência de mais elementos (ver abaixo).
OLIVEIRENSE
Defesa - Sempre em antecipação e não em reação, agressiva.
OUTRAS NOTAS
Uma das diferenças entre estas duas equipas. Jogadores sem bola da Oliveirense sempre com muita preocupação em acelerar e deixar para trás os adversários mais avançados, de maneira a conseguir superioridades numéricas ou até mesmo igualdades numéricas mas com ataque curto. Há sempre mais espaço em 2x2 ou 3x3 do que em 4x4.
Já o Valongo procura colocar a bola nos elementos mais avançados mas os mais recuados não participam nas transições, sendo raro o 3x2 (só aconteceu quando o terceiro jogador é o elemento que inicia o contra-ataque) e inexistente o 4x3 em transição.
Aqui um possível 4x3 em transição que não acontece porque o último jogador da Oliveirense não patina. Logicamente que poderão ser decisões táticas dos treinadores dos dois conjuntos e não 'erros' individuais dos atletas.
Boas e idênticas saídas de pressão. Três elementos mais recuados, com o portador da bola a ter sempre duas linhas de passe nas costas. Esta opção tática também oferece mais espaço na frente, seja para passe ao elemento mais avançado da equipa seja para o portador da bola poder transportá-la sem passe, tendo sempre dois elementos da sua equipa mais recuados em relação à linha da bola.
Outro tema interessante é a saída de um dos três jogadores mais recuados para a zona ofensiva, sem bola, aproveitando que o seu defesa direto está de patins virados para o ataque e terá mais dificuldade em mudá-los para a sua zona defensiva.
Este tema foi abordado na semana passada, no Riba D'Ave-Oliveirense da primeira divisão. Nesta partida, a equipa do Valongo atuou de uma forma muito semelhante ao Riba D'Ave, com contrapartidas para o sucesso, na minha opinião. Se a defesa está subida, não faz sentido que os elementos mais recuados não estejam junto dos seus adversários diretos, de modo a que não recebam passe ou, se receberem, não fiquem de frente para a defesa.
Ao ficarem de frente para o defesa, conseguem facilmente sair em 1x1 puro, sem ajudas porque elas estão longe.
O primeiro vídeo é cópia de um lance analisado na semana passada.
Outra das diferenças entre as duas equipas, talvez porque a qualidade individual também não é a mesma, é um facto. Os elementos da Oliveirense sentem-se mais à vontade no 1x1 defensivo e antecipam a situação, forçando o portador da bola a ir para zonas que não lhe são tão convenientes. Nos vídeos em baixo, impedem o portador da bola de ir pela tabela, forçando a saída em condução ou passe para zonas interiores, mais povoadas defensivamente.
Já o Valongo defende passivo e em reação, em vez de antecipação. Nos dois últimos vídeos em baixo vemos sempre o defesa em reação, não definindo um lado. Não definindo um lado, fica a 50/50 e nunca saberá qual o lado que o portador irá definir. Se definir um lado e ficar 90/10, dá mais espaço de um dos lados mas pelo menos já sabe que a probabilidade do avançado ir para esse lado é maior. Depois, é só uma questão de escolher qual o lado preferencial (no caso da Oliveirense tapava o lado das tabelas e obrigava o portador a ir para a zona central).
Um pormenor muito típico de Santiago Honório, e muito bem feito. Aproveita o posicionamento dos patins do adversário, virados para o ataque, para dar a bola e entrar para receber mais à frente. O tempo de o adversário virar os patins, como está muito próximo de Honório, é curto, e a probabilidade de ficar para trás é grande, como aconteceu nestes dois lances.
Dois lances interessantes. A saída do interior para zonas laterais, abrindo espaço para entradas de médios sem bola para a zona de finalização. Situação que acontece com maior probabilidade quando as defesas estão subidas, acabando por se focarem mais no opositor direto e menos no espaço defensivo.
Opção interessante por parte do Valongo na defesa dos bloqueios. Os atletas conseguem prever muitas vezes o bloqueio e, quando o fazem, dão um passo à frente e pressionam o portador da bola, no sentido de evitar que ele aproveite o bloqueio, forçando-o a ir em direção contrária. É conveniente ter uma boa capacidade de comunicação nestas situações, para que os dois defesas não fiquem focados na bola, deixando o bloqueador sozinho, como aconteceu no terceiro vídeo.
4x4 Ofensivo
É das situações mais discutíveis em hóquei. A defesa ao interior. Ficar de costas para a bola e de frente para o interior ou o contrário? Eu defendo a segunda, mas compreendo totalmente a primeira. Neste lance, o defesa valonguense opta pela primeira, perde a noção da bola e também não tem tempo de reação para cortar o passe. É por isso que defendo a primeira hipótese. É que na primeira hipótese perco noção do jogador que estou a marcar mas pelo menos tenho maior probabilidade de cortar passe, focando-me em zona e não em marcação direta ao jogador. Existe outra alternativa que, no meu caso, requer maior estudo, que é a marcação ao stick. Não tenho ideia totalmente formada ainda para explorar essa situação. Quiçá no futuro.
Não sei se foi propositado mas deu uma ideia interessante. A participação do guarda-redes em movimentos de saída de pressão. Sendo sempre um elemento que nunca tem marcação, o guarda-redes pode ser uma opção para a saída da pressão como situação de recurso. Aqui grande capacidade de utilização do stick pelo guarda-redes.
Também não sei se foi premeditado mas, de novo, um belo movimento defensivo, na minha opinião. A troca defensiva fez com que o portador da bola ficasse com a oposição mais próxima e, ao mesmo tempo, quem estava junto ao poste, ficou em posição priveligiada em relação ao interior.
Este é um tema que trago aqui mais pelo facto de estarmos a ver um artigo de um jogo de camadas jovens, do que falar propriamente dos intervenientes deste encontro, todos eles exímios patinadores. Pretendo que este lance reflita a lacuna que o hóquei em patins tem tido cada vez mais, por parte dos treinadores das camadas mais jovens, na fase de aprendizagem da patinagem, ao esquecerem certos movimentos que aumentam a capacidade de ação do atleta.
Neste caso, o cruzamento das pernas em velocidade que não surgiu, surgindo em vez disso o 'skate', com o atleta a tentar ganhar velocidade pela mesma perna, em vez de as cruzar, o que faria que obtivesse mais velocidade. Este movimento está-se a perder nos nossos atletas, empobrecendo a nossa modalidade, pois é um movimento que exige trabalho de fundo e resiliência nas idades mais jovens, por parte dos atletas e principalmente por parte dos treinadores que dedicam, daquilo que tenho visto, pouco tempo de treino a esta ação.
Comentários